segunda-feira, setembro 15, 2008

Não liquide o pensamento.

Escultura de Oscar Niemeyer para Fildel


Nuns posts atrás eu disse que ficava meio calada em algumas discussões porque parecia "uma doidinha do contra", aquele tipinho que mora bem, come bem, trabalha fodendo os outros e que pousa de hippie pra ser estilosa. Eu tô morando bem, comendo bem e no momento trabalho numa profissão, que, ainda que indiretamente, fode com os outros. Mas o meu trunfo está justamente no gerúndio. É um momento, uma passagem, não é a condição da minha vida. Eu gosto de viver bem, mas esse viver bem inclui algo que vai além do meu próprio umbigo.

É complicado não incorporar a filosofia "eu já tô conseguindo me dar bem, o resto que se lasque". Você sempre é tentado a se deixar levar, a achar que é justo que um mané marketeiro receba mais que um professor; que é normal trabalhar oito ou mais horas num emprego vazio, restando pouco ou nenhum tempo do dia para pensar no outro, para cuidar da natureza, para repensar seus valores, para refletir e analisar sobre seu momento político, ou seja, para fazer o que realmente faz de você uma pessoa viva.

Enquanto eu não sou um exemplo vivo do que penso, vou tentar continuar quietinha (quando não fico me dou mal). Mas não vou resistir a continuar citando e mostrando gente que pensa que as coisas podem ser diferentes, como nesse texto aqui da Piauí ó. Se você concorda em alguma coisa comigo, ou melhor, se não concorda em nada, leia, não pra passar a concordar, mas pelo menos não ficar achando que sou apenas mais uma doidinha do contra.