sábado, abril 07, 2007

Não se vá...

Faz quase um mês que não apareço por aqui. Pra tirar a suja, tem o texto enorme no link aí abaixo e duas notícias, uma boa e uma nem tanto.

A boa: O Civilizados tá de cara nova. Pra quem não conhecia nem o anterior, fique sabendo que o Civilizados é um site, antes era blog, no qual você pode enviar seus textos, textículos e textões para serem analisados e publicados. A Janaína, editora, foi super gentil e me fez o convite de voltar a contribuir no site. Acho que ela deve ter feito isso com todo mundo, mas um pouquinho de vaidade não faz mal a ninguém. Enfim, tem textinho meu lá.

A nem tanto: O Carlos Augusto (o carequinha gente fina, coordenador de Literatura no Dragão do Mar, que trouxe Marcelino Freire, Ricardo Corona, Heitor Ferraz e um montão de gente bacana pra dividir suas experiências e sapiências com a turminha do Ceará) pegou o beco e não é mais coordenador de Literatura. Quem ficou no lugar dele? Ninguém. E como fica o centro de Literatura sem coordenação? Não fica. O "setor" foi extinto por nosso adorável novo governador. O Carlos tá muito bem obrigada, mal fica a gente sem ele e sem os cursos, palestras e conferências do Dragão.

Salve o mundo comendo pipoca


Como fica a nossa capacidade de mudar as coisas num tempo em que Che Guevara é estampa de camiseta e Geraldo Vandré, tema de comercial do Governo Federal? O que tá por trás da onda de culpa e frustração que domina o dia-a-dia de toda pessoa comum? Por que quando a gente pergunta pra uma criança "o que você quer ser quando crescer" a resposta não é mais bailarina ou astronauta, mas advogado de uma multinacional? O que um hamburguer na chapa tem a ver com o aquecimento global? E por que o seu chefe tem muito, mas muito mesmo, mais grana que você?

Poucas vezes a gente pára e pensa sobre essas coisas. A gente vai engolindo o mundo, sempre sentindo que há algo que não tá certo, sempre sentindo um gosto meio podre, uma vontade de vomitar. A gente no fundo sabe que é injusto dedicar mais tempo pras coisas dos outros que pro sonho da gente. A gente sabe que a maioria do que a gente assiste, lê e consume é besteira. A gente sabe que o que tá estrangando o mundo é o carro que a gente dirige, o supermercado que a gente faz, a roupa que a gente compra. A gente sabe disso tudo. Mas aí vem a vinheta da novela, a correria do emprego e um Sonrisal pra fazer tudo descer facinho. E o mundo vai engolindo a gente. E a gente, com carinha de intelectual, se conforta em ficar falando que a geração de hoje não pensa, que a geração de hoje não faz revolução, que a geração de hoje não tem jeito. Como se a geração de hoje fosse uma entidade, como se a gente fosse velho ou novo demais pra se incluir nela.

Pois é, eu ando incomodada com as coisas. E pra começar bem, eu ando incomodada comigo e buscando ficar cada vez mais incomodada, querendo me achar cada vez mais errada, porque só assim eu vou poder me propôr a concertar alguma coisa. Os filmes a que ando assistindo têm me ajudando muito nesse processo. Acho que são uma porta pra pensar e começar uma discussão.
Lá vão eles:

1 A TERRA TREME Luchino Visconti- Itália - 1948. É antiguinho e em preto e branco. O filme fala da luta de uma vila de pescadores para trabalhar com liberdade e dignidade. Os atores do filme são pescadores de verdade.
2. EDUKATORS Hans Weingartner - Alemanha -2004. Desse eu já falei aqui. É um verdadeiro tributo à revolução em tempos pós-modernos.
3. CORPORATION. Mark Achbar e Jennifer Abbot - Canadá - 2004. Documentário bem didático sobre a estrutura das grandes corporações.
4. SURPLUS. Erik Gandini - Suécia. Também um documentário. Um amigo meu que me emprestou e disse que baixou na net, porque o filme é complicado de encontrar em locadora. Por isso, deixei aí um link de onde baixar. A estrutura dele é bem dinâmica e divertida, meio video-clipesca.
5. DOGVILLE. Lars Von Trier - EUA - 2003. Não é uma novidade, mas dialoga muito bem com os demais. Recomendo que você o assista por último, já que é o que menos dá os caminhos prontos.