quarta-feira, janeiro 31, 2007

Não é assim grande coisa - Continhos, contecos e outras coisas pequenas.

O japa mirou a mina no ponto da esquina. O japa piscou apertado pra mina, mas a mina não percebeu. Japa pisca apertado demais. O japa não desistiu e voltou a piscar apertado pra mina. A mina não viu. Ou fez que não viu. Coisa de mina fazer que não viu. O japa trabalha fazendo sushi. Coisa de japa trabalhar fazendo sushi. E piscar apertado. A mina é dançarina, modelo e atriz do Les Ticas. Coisa de mina. De mina boa, é claro. Mina de cabelo preto e olho verde, mina de bunda grande. A mina tava esperando o ônibus. O japa também. A mina tava cansada e meio doída. O japa tava com saudade de alguma coisa. Talvez de uma mina. Aí ele piscou apertado de novo pra mina e disse oi pra ela. A mina respondeu dizendo que não tava mais em serviço. O japa disse que também não. O ônibus chegou. Era o mesmo ônibus o do japa e o da mina. Eles subiram e sentaram um do lado do outro. A mina morava longe e o japa ainda mais que a mina. O japa deu tchauzinho pra mina, ela respondeu perguntando se ele não queria descer com ela. O japa aceitou. O japa foi pra casa da mina, comeu miojo, assistiu TV e dormiu no sofá. De manhã, Japa e Mina tomaram banho e saíram juntos pro trabalho. A Mina pensava no Japa e o Japa pensava na Mina. O Japa mirou a mina no ponto da esquina e piscou apertado. Dessa vez a Mina percebeu logo e sorriu. Dessa vez a Mina não precisou perguntar se ele queria descer com ela. Dessa vez o Japa levou sushi e não dormiu no sofá. A Mina disse que o Japa tinha talento. O Japa disse que a Mina também.

domingo, janeiro 21, 2007

Quem não indica se estrumbica!


Eita que tô é inspirada nos títulos (veja o post abaixo pra confirmar). Pois bem, o poeta, professor, tradutor e milhões de outras coisas Heitor Ferraz, aquele que ministrou uma oficina de poemas no Dragão, gentilmente respondeu meus emails desaforados e ainda fez a delicadeza de me indicar um livro. Trata-se de Novelas do Samuel Beckett. Já cascavinhei na Sisciliano e vi que é baratinho, no site tá 19,90. Achei justo compartilhar.

Ainda não comecei a ler, mas confio no Heitor. Agora, tô tentando terminar de ler o Ela e outras mulheres do Rubem Fonseca. Acho massa o título. Quanto, ao livro, assim, se você adora o Rubem Fonseca e gosta de descobrir os elementos recorrentes dele e consegue até ser condescendente com algumas coisas não muito legais (o meu caso) leia. Se você gosta, mas tá pronto pra meter o pau, prepare-se. Se você não gosta, acredito que não será com esse livro que vai começar a gostar. E se você não conhece, é melhor começar por outro. Recomendo o "Feliz Ano Novo" ou "64 Contos de Rubem Fonseca".

Pergunte à Pós

Enquanto John Fante se remexe no túmulo com o trocadilho desastrozamente infâme, os professores da UECE (Universidade Estadual do Ceará) se remexem pra lançar uma Especialização em Literatura e Semiótica. É isso aí. Acredito ser a primeira pós voltada pra literatura na estadual. Notícia boa, quando se sabe que não há taaaantas ofertas pra pós em literatura no Estado e ainda mais depois uma greve de mais de 6 meses e uma paralização de 3 dias na universidade.

Pra saber mais, só indo mesmo lá na coordenação do curso de Letras no Centro de Humanidades da UECE ou ver se encontra alguma coisa no site www.uece.br, até agora não tem nada.

Fiquei bastante interessada. Antes, já tava de olho numa especialização da UFC em Estudos Culturais e Literatura, que é do núcleo de Comunicação. Mas bem na verdade, tô burilando a net atrás mesmo é de mestrado. Olhei as linhas de pesquisas da UFC, única que oferece mestrado aqui na terrinha e dei uma passeada na USP, cheinha de pretenção e estimulada pelo meu projeto de orientador. Bateu um desespero quando vi que havia no máximo, estourando, duas vagas pra esse semestre. PQP! O que me resta é ter a esperança que daqui pra final 2008, quando eu estiver de fato formada, as vagas comecem a pulular ou que me transforme em super-dotada ou que a informação tenha sido fruto do erro de digitação do estagiário da computação, alternativa mais viável.

Poesia em vídeo e outras línguas

Quarta Literária no Dragão
Vídeo Poesia - um suporte inventivo na busca das palavras e da poesia em animação.
Por Mordômio França
Quarta, 24 de janeiro às 19h na Biblioteca de Artes Visuais Leonilson

Oficina On Line de Tradução em Poesia
No Portal Literal - http://portalliteral.terra.com.br/
As outras oficinas, de conto, de poesia e de romance foram muito boas. Acho que essa vai seguir a trilha.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Vou-me embora pra Passárgada

Bandeira é a capa da Bravo! desse mês.
Tinha que dizer isso, mas tô sem ânimo de comentar. Fica pra próxima.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Burilações no primeiro dia útil de 2007

- Meu primeiro dia útil foi um tanto inútil
- Comecei o ano com preguiça de começar e vontade de farriar. Resultado: uma gripe danada e as passagens do carnaval já compradas.
- O Lula prometeu acelerar o crescimento em 2007. Deve ter um monte de marido prometendo a mesma coisa pra esposa. Bom, o que vale é a intenção.
- Tenho medo da minha vida na verdade não ser tão boa quanto acho que é. Acho minha vida tão boa que tenho vergonha e fico colocando defeito num monte de coisa pra não pegar mal.
- Uma amiga tá com o maior problema com o pé esquerdo e tá andando de muletas. Uma mistura de jogada de volêi, mazela de médico e olho gordo. Disse pra ela: o bom é que não tem como você não começar o ano sem ser com o pé direito (dããããn).
- Meu amigo Rafa tá todo chic agora de domínio próprio. O Entretantos finou-se. Agora pra ler os textos dele, a gente tem que ir em http://www.rafaelrodrigues.org

Buriladores

Em agradecimento à amiga Loló, que me lembrou desse poema.

Receita de ano novo

Carlos Drumond Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.