Olha só, essa infame. Bebeu mais champanhe que poodle de madame. Deitou no persa e vomitou todo caviar. Veja só, essa rica. Roeu todo o esmalte do mindinho. E para levantá-lo agora, como será? Abriu o botão da cinta, discretamente, ligeiramente, elegantemente, para caber um pouco mais disso, um pouco mais daquilo, todo cardápio em francês. Viu só, a bicha, que fina? Chegou de limosine, deu a mão pro motorista e ajeitou discretamente, ligeiramente, elegantemente a inconveniência do biquine. Depois, escorregou as mãos pelo vestido dourado-salmon-furtacor e, simulando uma câmera lenta, arrastou os cabelos pra longe dos ombros. Caminhou em seu salto arranha-céu, sem tropeçar, sem olhar para os lados, dançando no eixo do seu quadril. Coisa mais abusada, mais proveitosa, mais caprichosa, já viu? Golinhos pequenos na taça, acariciando o biquinho na borda, o batom intacto, acredita? Dedinho levantado. Duas, três, quatro, oito e estava ainda mais modelo, mais top model. Diz que roeu a unhinha de nervosa. Nem percebeu. De braço dado, andando com Ele pelos cantos, toda pomposa, quanta emoção, quanta festa. Toda ela. Glamourosa, cintilante. Rainha. Na cama, no trono, na lama, coroada.