Sexta Estamira. Sábado Glauber. Domingo Lula.
Sexta fui assistir ao documentário que tá causando o maior bafafá, prêmios e tudo mais, o Estamira. Acho que tudo merecido, porque o filme é realmente muito bom. Fala de uma catadora de lixo, que dá nome ao documentário, cheia das lombras e das filosofias. Quando você for assistir, sugiro que preste atenção na discussão dela sobre o "controle-remoto do mundo", que pode ser Deus ou um arroto. Bom também é ir fazendo o caminho da loucura da Estamira e, perceber, como o diretor prepara a gente pra ver esse caminho sem muito susto e sem muita culpa, o que acaba refletindo a nossa falta de indignação com as coisas. Mas o que mais mexeu comigo foi a idéia de que eu, meu marido, todo mundo que tava ali vidrado na tela e o diretor do filme e tudo mais, tinham também, de alguma forma, usado e abusado da Estamira.
Sábado, assisti Terra em Transe. Pasmem, mas não, nunca tinha visto. E na minha cuca maluca, o Glauber acabou batendo um papo com o Estamira. Conclusão metida a besta que cheguei: a loucura é a defesa de quem não quer ceder. Quem cede consegue se manter são no mundo. Quem resiste acaba se passando por doido.
Domingo, o Lulex mais uma vez tomou conta da prateleira da presidência. E eu votei nele sem medo e sem remorso e, principalmente, sem ver nele um remédio, mas um caminho. Num diálogo do Terra em Transe, Diaz, que parecia representar a burguesia nacional perguntava a um empresário de comunicação de que lado ele estava. Ao empresário responder que era esquerdista, ele riu e disse algo do tipo: “O povo não quer só casa, comida e escola. O povo quer o poder. E a gente não pode deixar isso acontecer”. Sacaram a questão? Eu não votei no presidente Lula, nem na esquerda, nem no PT. Votei num barbudo sindicalista e pobre e com pouco estudo que teve abuso suficiente pra chegar à presidência. Daí em diante, é ficar de olho e trabalhar pra ir pra frente e colocar gente melhor no lugar dele. Voltar atrás, não, pelo amor de Deus!